sexta-feira, 23 de março de 2007

Dádiva Divina



Dádiva Divina


"Fabricar um Golem é uma empresa perigosa; como qualquer criação maior, coloca em risco a vida do criador – fonte de perigo, todavia, não é o Golem ou as forças que dele emanam, mas o próprio homem.” – Gershom Scholem

Não é sobre a criação de um Golem, aquilo de que nos fala este livro. E está bem longe disso, assim como de ser apenas um livro. Este livro encontra-se dividido em 2 livros. Um contado por um narrador, e outro contado pela personagem principal, sob a forma de Carta. Este livro, inicia-se com a história de Samuel Espinosa, detective particular em Nova York. Sam (nome pelo qual prefere ser tratado) é um judeu, sem qualquer interesse pela religião, cuja carreira se encontra em decadência pela falta de clientes. É então que Sam é chamado a uma clínica e contratado para procurar um homem. Trabalho até bem generoso, pois não havia qualquer obrigação em o terminar. Bastando-lhe mostrar provas de que se tinha esforçado, Sam receberia o pagamento. Além do pagamento final, Sam teria o direito de gastar dinheiro para as suas deslocações, alimentação e lazeres, sem qualquer problema. Proposta tentadora…
Sam aceita e parte para Adis Abeba, na Etiópia, em busca deste sujeito, pois havia sido informado que foi naquela cidade que ele fora visto recentemente. Sam acaba por conhecer um padre cujas intenções são as de o matar. É aí que foge. Tendo apenas como ajuda alguns estranhos, Sam tenta chegar a Moçambique, plano esse que não é bem sucedido. Sam chega a Moçambique, mas não vivo… Morto. Sim, Sam chega a Moçambique morto (aqui começa o segundo livro) e é ressuscitado por um transplante de sangue. Sam conhece então a pobreza pela qual este país passa, a discriminação, e as doenças. Aqui, é orientado e enviado para Lisboa, local onde lhe disseram encontrar aquele que procura. Sam encontra finalmente esse homem. Um sem abrigo. Um homem de enorme pobreza.
Sam leva, então, o seu “prémio” para a clínica pela qual foi contratado. Aqui, Sam descobre o “porquê” de todo esse interesse num sujeito pobre. Sam descobre que esse sujeito era, na realidade...
Sam descobre quem era na realidade esse sujeito e o porquê de tanto interesse nele. Descobre também como foi possível voltar à vida com apenas uma transfusão de sangue. Mas tudo isso foi descoberto por Samuel Espinosa (e por mim claro). Se quiserem, leiam também vocês este livro. Serão contrastados os motivos pelos quais, um homem deveria viver para sempre, com os motivos pelos quais não deve viver. São também abordados os motivos pelos quais ninguém gostaria de viver para sempre. Tudo isto, num livro emocionante que nos cativa de forma impressionante do início ao fim, não sendo um livro propriamente maçador, pois pelo meio, somos confrontados com situações caricatas, que o autor aproveita para ironizar e exprimir o seu sentido critico.

O autor:


Rui Zink nasceu em Lisboa em 1961.Licenciou-se em Estudos Portugueses na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É nesta mesma Faculdade que lecciona actualmente a cadeira de Literatura Portuguesa. Se tiverem interesse em conhecer a biografia do autor, assim como a sua bibliografia, completas, podem optar por seguir o link:
http://www.webboom.pt/autordestaque.asp?ent_id=1131850&area=01

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O!!!!! Até me deixaste suspensa np teu relato!... e soubeste logo parar no momento ideal! Bravo! Fiquei com vontade de ler!... :D