terça-feira, 26 de junho de 2007

As palavras

Palavras tantas vezes perseguidas
Palavras tantas vezes violadas
que não sabem cantar ajoelhadas
que não se rendem mesmo se feridas


Palavras tantas vezes proibidas
e no entanto as únicas espadas
que ferem sempre mesmo que quebradas
vencedores mesmo que vencidas.


Palavras por quem já fui cativo
na língua de Camões vos querem escravas
palavras com que canto e onde estou vivo.


Mas se tudo nos levam isto nos resta
estamos de pé dentro de vós palavras
nem outra glória há maior que esta .


Manuel Alegre
“O canto e as armas”



Elegi este poema pois é um dos poemas com um significado muito especial para mim, que me faz levar ao meu apogeu, que me faz ver que as palavras doem sempre mais do que uma facada ou que qualquer acto físico violento, porque a facada, ao contrário das palavras, sara e as cicatrizes acabam sempre por ter mais um significado estético. Mas as palavras têm vários sentidos que, por consequência, originam outros sentimentos como a alegria, a felicidade, a dúvida, ódio, o amor, etc.
Manuel Alegre, no poema, aborda claramente o antagonismo.
As palavras eram a única forma de se expressarem, eram as únicas armas, apesar de serem calcadas, feridas, desvalorizadas, mas sempre vencedoras.
Mesmo que este poema seja um retrato da ditadura, hoje, em democracia, as palavras também são as nossas armas, obviamente, de uma forma diferente .


Mariana Cassamá 10ºG

2 comentários:

Anónimo disse...

"stora" nao se esqueça de comentar.por favor
bj*

Fátima Inácio Gomes disse...

Comento, pois! :D E o meu comentário é muito positivo, não só pela escolha (esse poema é fantástico), mas muito particularmente, pela intensidade das tuas palavras! Sinto que consegui atear o fogo que intuio no teu olhar... continua a ler, continua a sentir, tens um potencial enorme, Mariana!