quinta-feira, 21 de junho de 2007

Despedida

Por mim, e por vós, e por mais aquilo,
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.


Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
-Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.


Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha como o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão


A memória voou da minha frente.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte
Memória, amor e o resto onde estarão?


Deixo aqui meu corpo, entre o sal e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)

Quero solidão.


Cecília Meireles



Uma das razões que me levou à escolha deste poema foi o seu título, "Despedida".
Sabendo que uma despedida é sempre muito difícil e, que através dela, vão existir sentimentos de saudade, é algo que toca qualquer pessooa.
Para chegar a esta escolha, li anteriormente vários poemas da mesma autora que me fizeram reflectir sobre o modo como esta, através da sua escrita, nos faz sentir certos sentimentos.


Rosa Daniela 10ºG

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Não conhecia este poema... é muito bonito e entendo bem por que o escolheste! ;)
São sempre duras as despedidas, especialmente quando os sentimentos são fortes...
Cecilia Meireles, brasileira, tem uma poesia muito emotiva, sem perder o equilíbrio e a sobriedade. Foi ela que disse algo lapidar, que deveria reger-nos a todos: "Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade. "