sexta-feira, 16 de maio de 2008

É uma sociedade portuguesa com certeza!


Primeiro de tudo, caro leitor, corra imediatamente para uma taberna junto de si e mande vir uns tremoços e uma boa cerveja ou ainda umas azeitonas ou uma orelha de porco se estiver com uma certa fome. Confortável? Ainda bem, pois é a partir desse lugar em que se encontra que lhe vou fazer o ponto de situação da sociedade portuguesa.
Enquanto vamos petiscando, analisemos um pouco o meio que nos rodeia, ou seja, Portugal. Podemos, do nosso canto, começar por observar a clientela do estabelecimento de consumo. Ao balcão temos dois a três indivíduos bebendo a sua cervejinha de olhos colados no ecrã da televisão, onde está a passar um jogo do glorioso (até aqui nada de mal, tirando o facto do Benfica estar a ganhar). Imaginemos agora estes cidadãos, como que representando a nossa sociedade da qual ambos, o leitor e eu, fazemos parte. Podemos concluir já algumas coisas sobre a nossa sociedade que saltam à vista. Primeiro ponto, muitos de nós podem não reconhecer, mas somos extremamente fundamentalistas e preconceituosos. Extrapolando isto para os três cavalheiros ao balcão, podemos dizer que o filho de um nunca sairá do armário, a filha do outro será obrigada a casar com um fulano com quem teve uma noite cheia de acção, e por último, o terceiro nunca quererá saber como se trabalha com um computador.
Como segundo ponto, podemos apresentar o palco de fados ao fundo do local onde nos encontramos. Ah o fado! Não há nada que defina melhor Portugal como um belo fado e nada que se assemelhe mais a um fado do que a política em Portugal, assim como a sociedade, triste e desesperado por tempos melhores. Isto de ansiarmos por alguma coisa pela qual valha a pena levantar a cabeça leva-nos a outro ponto importante que é o facto do português típico se prender em demasia com as tradições e o passado. Alguns séculos atrás havia o mito sebastianista, ou seja, muitos acreditavam que D. Sebastião voltaria numa manhã enevoada para tirar os reis de Espanha do poder e para endireitar este canto da Europa, mas tal não aconteceu. O problema está aqui - isto foi já lá vão alguns séculozinhos, mas parece que o português ainda não aprendeu que o caminho não é fazendo marcha-atrás no tempo, mas sim indo sempre em frente. Normalmente, fazer marcha-atrás numa via de sentido único dá sempre em acidente, já isto escrevia Garrett [?].
Voltando ao balcão e voltando aos nossos representantes da sociedade, que até agora nos têm deixado muito bem vistos, e depois de uma análise mais cuidada de cada um podemos dizer que dois deles têm um emprego de grande responsabilidade, mas hoje como o trabalho já começava a encher o fundo da secretária decidiram sair mais cedo. Sabem como é isto do stress, é preciso ter cuidado. Já o terceiro cavalheiro é um dirigente de um clube de futebol e é também e presidente da câmara local, um homem muito atarefado sem dúvida. Entre telefonar a árbitros para ver se eles fazem o seu trabalho e fazer um bonito saco azul de lã, enquanto se trata dos bilhetes para o Brasil são duas actividades que preenchem a agenda deste senhor.
E, por último, temos o leitor e eu, ao fundo da taberna, cientes disto, com o poder de mudar e usando esse poder para mudar [?], mas sem uma última palavra, pois esta pertence ao resto da clientela, que prefere deixar as coisas andar em vez de lhe tomar as rédeas e transformar a taberna num restaurante de cinco estrelas.






Tiago Faria, 11ºC

2 comentários:

Fátima Inácio Gomes disse...

Gostei da conversa!... pagas tu :)

Anónimo disse...

tenho a dizer que pensei acabar mais ao menos dessa maneira...quanto ao titulo nao conseguia tirar "é uma casa portuguesa com certeza. é com certeza uma casa portuguesa" da cabeça...