sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Caeiro apaixonado...


Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho.
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações.
Não sei o que hei-de ser comigo sozinho.
Quero que ela me diga qualquer cousa para eu acordar de novo.

Quem ama é diferente de quem é
É a mesma pessoa sem ninguém.


Alberto Caeiro


Simples, directo e profundo. Assim é Alberto Caeiro. Os seus poemas são, aparentemente, algo de banal. Mas a poesia não pode ser apenas lida. Ela também tem de ser sentida!
Este verdadeiro sensacionista cativou muitas mentes com os seus poemas. Tornou-se uma grande figura da Literatura Portuguesa.
Alberto Caeiro sempre se baseou nas sensações e nos seus sentimentos para escrever os seus poemas. A Natureza era a verdadeira realidade para ele, porque era tudo o que conseguia ver. Nada mais era tão real do que aquilo que ele via. Para ele, o pensamento era sinónimo de cegueira e de mau estar.
Neste poema, Caeiro sente-se vazio e impotente por não conseguir perceber as suas sensações. Foi por isso que me despertou especial interesse. Eu acho que se as pessoas intelectualizam os seus sentimentos não estão a ser verdadeiras com elas próprias nem com aqueles que as rodeiam. Aquilo que sentimos deverá ser algo de sincero. Assim, concordo plenamente com este heterónimo de Fernando Pessoa quando é atribuído um grande valor às sensações e aos sentimentos. Por vezes, quando não conseguimos descrever no que os nossos sentimentos se traduzem, sentimo-nos perdidos, sem um rumo na vida.
Alberto Caeiro até pode não ter tido muitos estudos, mas foi um ser muito inteligente e dotado de talento. A sua poesia é tão objectiva, mas provoca em nós um montão de interpretações. E assim é um grande poeta.



Joana Cordeiro
12º A

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