terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Caeiro...

Alberto Caeiro, conhecido como o «mestre», entre os outros heterónimos, nasceu em Abril de 1889, em Lisboa, mas viveu grande parte da sua vida numa quinta no Ribatejo. Fez apenas a escolaridade primária, o que combina perfeitamente com a simplicidade e naturalidade da sua escrita, a sua vida foram os seus poemas. Caeiro aparece a Fernando Pessoa de forma espontânea, numa altura em que Pessoa se debatia com a necessidade de ultrapassar o paúlismo (define-se pela voluntária confusão do subjectivo e do objectivo, «associação de ideias desconexas», frases nominais, exclamativas, pelas aberrações da sintaxe, vocabulário expressivo de tédio, vazio da alma, pelo uso de maiúsculas que traduzem a profundidade espiritual de certas palavras), o subjectivismo (trata-se de um sistema filosófico que não admite outra realidade se não a realidade do ser pensante), e o misticismo (Crença numa ordem de realidades sobrenaturais e na possibilidade de uma união íntima e directa com Deus). É nesse momento conflituoso que aparece, e se “ri” desses misticismos, reage contra o ocultismo, nega o transcendental, defendendo a sinceridade da produção poética, rejeita doutrinas e filosofias. É nesse mesmo dia que escreve por pura inspiração trinta e tal poemas, é a esse alguém aquém dá o nome de Alberto Caeiro.



O Único Mistério do Universo
O único mistério do Universo é o mais e não o menos.
Percebemos demais as cousas — eis o erro, a dúvida.
O que existe transcende para mim o que julgo que existe.
A Realidade é apenas real e não pensada.

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O Espelho
O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo.


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Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.



Escolhi para o meu trabalho estes três poemas de Alberto Caeiro, posso dizer que são dos meus predilectos, e justifico também por serem de pequenas dimensões. Gosto principalmente da forma como se expressa, directamente e sou adepta da sua simplicidade e espontaneidade.“O Único Mistério do Universo” pensar demais sobre o Universo é o que faz o mistério em seu torno, esse é o erro que faz permanecer a dúvida, a realidade é o que existe, o que vemos, não temos de pensar nem questiona-la, por isso ele diz no poema “O Espelho” que o espelho não erra pois ele mostra apenas a realidade, sem a questionar, para Alberto Caeiro pensar é estar surdo e essencialmente cego.
“Um Dia de Chuva”, o que mais gosto neste poema é que se o comparar com o ser humano, esse pensamento seria perfeito. Porquê distinguir o ser por ser mais belo ou menos belo? Todos existimos, e cada um é como é…
Por vezes gostaria de ser um pouco como Caeiro, os momentos de felicidade mais intensos são vividos, e não pensados.


Juliana Barroso, 12ºA


[texto por editar pela professora]

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