segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Carpe Diem


Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Porque tão longe ir pôr o que está perto –
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este é o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.


Ricardo Reis


Escolhi este poema não por me identificar com ele, mas precisamente pelo oposto. Por perder demasiado tempo com coisas inúteis, por deixar para amanhã o que podia fazer hoje (por isso estou a escrever isto hoje, porque fui deixando sempre para “amanhã”, até que chegou o último “amanhã”, que é hoje… pelo menos o último que está dentro do prazo). Faço-o recorrentemente, até que chego a um ponto em que deixei tantas coisas para “amanhã” (que é hoje), que não tenho tempo para as fazer ou aprecia-las como essas coisas mereciam. No final, tudo se resume a isto: Tempo. O Tempo passa, e nós passamos com ele. Até que chegamos a um ponto em que deixamos de passar, e paramos no Tempo. E acabou. Finito! Kaput! E olhamos para trás (ou não, depende d’aquilo em que cada um acreditar) e vemos aquilo que fizemos, ou o que não fizemos, e já não há nada a fazer.
Não vivamos com os olhos no passado, porque, por ser passado, já passou. Não vivamos com os olhos no futuro, porque, por ser futuro, ainda não foi, e não sabemos como será. Não sabemos sequer se existiremos nele. Memento Mori – lembra-te que morrerás! Eu sou. Agora!

Nuno Areia, 12º C

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