segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Tenho pena e não respondo

Tenho pena e não respondo.
Mas não tenho culpa enfim
De que em mim não correspondo
Ao outro que amaste em mim.

Cada um é muita gente.
Para mim sou quem me penso,
Para outros --- cada um sente
O que julga, e é um erro imenso.

Ah, deixem-me sossegar.
Não me sonhem nem me outrem.
Se eu não me quero encontrar,
Quererei que outros me encontrem?

Fernando Pessoa


De toda a gama de poesia pessoana, Fernando Pessoa Ortónimo é aquele que me fascina absolutamente.
Depois de horas de pesquisa encontrei poemas lindíssimos e com uma transmissão de ideias do outro mundo, por isso, a escolha do poema tornou-se num princípio de uma tentativa falhada.
Decidi depois falar do poema “ Tenho pena e não respondo”, não só pela sua beleza interna mas pelo que nos transmite para o exterior, que na minha opinião, não deixa de ser uma experiência dramática de vida.
Ás vezes dou por mim, a ler poemas de diversos temas, e o eu reflexo é leva-los de imediato para o lado sentimental, e este poema sem dúvida é todo ele sentimentalista. É claro que quando falo de sentimentalista em relação a Fernando Pessoa o significado torna-se literalmente diferente, pois Fernando Pessoa idealiza o sentimento e coloca a razão o intelecto, acima de qualquer tipo de sentimento.
Contudo, na minha opinião essa estética utilizada pelo poeta não se enquadra de todo neste poema, pois ele é de uma intensidade suprema que nos entra directamente para a emoção.
“Tenho pena e não respondo” encaixa-se perfeitamente no meu estado de espírito desde o momento que toca no sentimento eterno, o amor, até á desilusão criada pelo próprio poeta. Essa desilusão só foi criada pelo simples facto de criarem uma imagem para o poeta que jamais seria a dele. E se ele próprio não sabe quem é como e que alguém o pode julgar em vão? Não deixa de ser uma boa pergunta mas acho que de todo é retórica da minha parte. Não existe ninguém que nos conheça melhor que nos próprios Fernando Pessoa não sabe quem é e jamais ira ser o que os outros sonham, pois o que verdadeiramente interessa é o que ele pensa que é. De todo o poema não posso deixar passar ao lado o desfecho emocionante, longe de qualquer tipo de castelo de fadas, mostrando que às vezes a solidão é mais que nossa amiga e as vezes a própria escuridão é que nos trás a felicidade ou ate mesmo, a paz interior. E essa ideia não deixa de ser deliciosa.
Acho que este poema e dos únicos que não me canso de reler e de todas as vezes que o recordo sinto uma imensa vontade de ter sido eu a escreve-lo. Mas infelizmente não sou Fernando Pessoa muito menos aquilo que os outros pensam que sou. Aquilo que sou está em mim longe de qualquer tipo de realidade.


Tânia Gomes, 12ºB

[texto por editar pela professora]

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