domingo, 24 de maio de 2009



Há quem se torne um lugar-comum numa escalada de dez meses, tal como há valores que em si mesmos valem por lugares-comuns, ainda que sejam esses valores o código genético das grandes obras, dos grandes actos. A foto que apresento é claramente portadora de algo como isso, que se torna quase corriqueiro em conversas de café, mas que, da esperança se tratando, se alastrou a todos (excepto aos Amish que disso não carecem, naturalmente). E foi pelos meandros de uma qualquer reflexão colectiva, e mais tarde pessoal, que decidi impreterivelmente redigir uma (breve!) dissertação que à condição humana se referisse e àquela questão do “pensar global, agir local” soar sempre bem a todos, mas ser mais música para os ouvidos do que para a cabeça.

O Yes, we can! mais do que um cliché transbordado dos ecrãs e das manchetes, foi um fiat luxà anomia da sociedade e todavia, os braços que ali vemos, como que supliciados em louvor de um qualquer jingle que erradique o subprime, não são mais do que o momento.

Elevemo-nos, pelo contrário, a nós próprios muito mais alto. Façamos sempre brilhar de forma grandiosa o nosso exemplo. (Friedrich Nietzsche)

O exceder o nosso Eu, em nosso proveito, gerará novas conjunturas no outro. Um Obama que exaltou o mundo, é um resultado de um processo brilhante que aqueles que ali o escutam deveriam procurar. Pudera o Futuro acometer a todos com a indissolúvel certeza da Morte, e, quem sabe, mais do que à flor da pele se imiscuísse a busca de um Ego melhor. Then, we could… a Arte, a Ciência, o Humanismo… Porque não haverá mais nada depois disso, depois do Conseguir e do Realizar, do fazer mais, fazer melhor, pensar além… Excepto o Nada, aquele que está antes e que se segue a tudo, à vida, que está presente em vida, em quem o merece, em quem o não supera, porque não o quer.

























(ainda é Sábado, certo?)

4 comentários:

Li disse...

isto é terceiro mundista, nao dá pa rasurar palavras... era intenção...

Fátima Inácio Gomes disse...

E que palavras querias rasurar? :)
Já agora... um título, please!


Quanto ao texto. Elegantemente redigido, como é timbre da autora, e com a acutilância que lhe reconheço.

Posso concluir do teu discurso que a anomia social se mantém, quiça mais acentuada, pois vêem no Obama o fim, não o valor que representa?
E que defendes a elevação do Eu, não por razões egocêntricas, mas como um caminho, possível e concreto, para a elevação do Homem?
... temos Camões a piscar o olho (de olhos fechados, então... :p ooops, piada parva) caríssima?

Li disse...

(Digo-lhe, e não por conviniência, que pensei mesmo em Camões quando escrevi isto, e também pensei em camões a esventrar-me...)

Ora, quanto ao Obama, não nos podemos esquecer do seu percurso, que é louvável, tal como muitos outros que não estão na mira das objectivas, claro. E já que houve este fenómeno Obama, aqueles espectadores, deviam através desse percurso ver um exemplo e procurar algo de melhor em si mesmos e não considerá-lo uma muleta, e "yes we can!" e está tudo tudo bem, que não estamos. Todavia, estamos todos aglutinados a uma crise, que para além das suas consequências mais óbvias, é uma excelente desculpa para descurarmos o nível cultural e deixarmos de viver.

Não concordo com Nietzsche quando afirma que não modificaremos um único homem (penso que a megalomania/supremacia alemã acabou por dar as suas provas vivas), mas estou plenamente de acordo com a perspectiva em que se estimularmos o nosso próprio Eu a elevar-se, são escusados vizinhos que nos influenciem, nós faremos o nosso próprio caminho e modificaremos os Homens, indirectamente (elação minha, atenção, não de Nietzsche).
Se isto se aplicar a Todos... seremos todos elevados... todos influenciados... e todos uma simbiose... plena... e libertaremo-nos do espírito... e atingiremos o Nirvana! (uff, acho que não tem nada que ver com Nietzsche, apenas com o meu estado mental que é de muito, muito sono...)

Fátima Inácio Gomes disse...

... Nietzsche e Nirvana... vá lá, caminha...
:D

Et le titre, ma belle?!?!?!?