quinta-feira, 23 de setembro de 2010

À Deriva

 Admito que não gosto de escrever textos quando nos dão o assunto. Admito que prefiro divagar nas palavras com os meus pensamentos. E admito, acima de tudo, o porquê de ter tido tanta relutância em fazer este texto.
A verdade é que, mal li o que nos era pedido fazer, relembrei, mais do que me apercebi, do quanto estas férias foram difíceis, do quanto custou vivê-las. Sinceramente, não sei se cresci, mas sim, vejo as coisas de outro modo. Aprendi que o que damos por certo é apenas efémero e que, quando abrimos as mãos para contemplar o que lá tínhamos fechado, já não o temos, já se foi, esvaiu-se tal como o ar nos meus pulmões.
No início desejava que chegassem, mas quando vieram, senti-me perdida. Vi alguém afastar-se de mim, como de costume, pois estávamos de férias, mas desta vez não nos reencontraríamos nas aulas, pelo menos , não tantas vezes, e eu estava relutante quanto ao que iríamos ser a partir daí.
Por mais promessas que fizéssemos, por mais laços que criássemos, por mais juras de amizade que prometêssemos, nenhuma de nós sabia como seria, e acho que ambas sentíamos que nos íamos separar, quiséssemo-lo ou não. E mesmo que a distância não seja grande, sinto-te como se fosses uma ilha que  mesmo sendo do mesmo arquipélago que eu, me é inatingível. E eu odeio isso. Odeio não ter o controlo das situações, odeio quando não há nada que eu possa fazer, quando não sou eu quem toma as decisões. Odeio tudo isso, porque parecemos barcos à deriva, que cada vez se afastam mais um do outro.
E eu luto para chegar até a ti e lutarei sempre, porque a vida dá muitas voltas e nas que já deu, no que já tivemos de enfrentar, eu nunca desisti de ti. Nunca o fiz, mesmo quando me magoavam as situações em que estávamos, porque eu sabia que desistir de ti magoaria ainda mais. E este verão foi uma prova disso. Uma prova de que preciso de ti como se precisa de oxigénio. E se não te tiver perto de mim, a meu lado, ambas sabemos que eu sufoco. Sem ti, eu ando à deriva.

Inês Silva, 10ºA

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Um belo texto, Inês, muito bem escrito e com grande sensibilidade. Principalmente, como já partilhei contigo, com a poesia que só os sentimentos verdadeiros (mesmo quando são verdadeiramente inventados) podem expressar :)
Tens o sentido da metáfora, em ti. É um bom começo...