segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O vento...

Mais uma bela descrição...




O Vento








Meus queridos, apresento-vos um amigo de longa data, o vento.
Não tenho fotos dele para vos mostrar, pois, acreditem ou não, este meu amigo é invisível, ainda que seja bem real.
Talvez o conheçam, assim de vista, e nunca se tenham dado ao trabalho de falar com ele, de o conhecer melhor. Talvez, e especulo novamente, seja por ele ser invisível.
Julgamos tantas vezes, senão todas, as pessoas pela sua aparência. Fazemos, quase automaticamente, um juízo de valor das pessoas apenas pela sua aparência e pela primeira impressão que temos dessa pessoa.
Mas, à medida que a vamos conhecendo, vamos quebrando muralhas e desfazemo-nos de preconceitos, sendo o rosto isso mesmo, um rosto. Dois olhos, um nariz e uma boca, que têm na alma da pessoa a sua beleza.
Mas com o vento, e por ele não ter rosto, já não somos assim. Temos medo de o conhecer, pois não há juízos que possamos fazer à primeira vista. É como se fôssemos cegos e tivéssemos de conhecer alguém pela sua voz (neste caso, o seu assobio, e deixem-me que vos diga, ele assobia bastante bem), e reconhecêssemos o seu rosto ao toque e não pela visão.
Alguns consideram este meu amigo um monstro. Dizem que ele os assusta quando aparece de mansinho e, de repente, assobia. Tenho de sair em defesa dele. As pessoas não o vêem e a verdade é que ele é silencioso, mas quando assobia não tem intenção de assustar ninguém, quer apenas chamar-vos na sua língua.
Conheci o vento em criança. Sempre me senti feliz ao ouvi-lo chegar, quer fosse de mansinho, na brisa, ou quando me empurrava com força. Nunca lhe levei a mal as suas brincadeiras. Vocês não o conhecem. Não conhecem, nem sabem apreciar o seu toque, gentil, mas frio, no Inverno, nem o abraço quente com que nos envolve no Verão. Não sabem o que é estar triste e tê-lo como companhia, chorando connosco, dizendo-nos que a própria Natureza está do nosso lado. Ponho-me no lugar dele e imagino como seria ser invisível. Parece divertido, se queremos jogar às escondidas, mas bastante aborrecido se as pessoas passam na rua e nem nos dizem “olá”. As pessoas sempre se queixaram dele, da sua força enorme, mas eu acho que ele só a usa quando está aborrecido. É compreensível. Se fôsseis vós os ignorados, também vos zangaríeis, por vezes. Penso que é por isso que ele é tão simpático, tão bondoso, para compensar as pessoas por se zangar, entendem?
E eu gostava que as pessoas o vissem na sua grandiosidade, mas que não levassem isso em conta pela negativa, mas sim pela positiva. Sendo ele assim tão grandioso, poderia perfeitamente ser cruel e destruir tudo o que quisesse, como os seus amigos, os tornados, mas ele não o faz. Tudo o que ele quer é que o conheçam, tal como eu o conheço.
E tudo o que eu queria era poder sentir a sua face, ao invés de ser sempre ele a sentir a minha.



Inês Silva, 10ºA

3 comentários:

Inês disse...

a imagem está perfeita, professora :D

Fátima Inácio Gomes disse...

Ainda bem que gostaste :)
Vou aproveitando para deixar por aqui um pouco de mim, também :)

w. disse...

Está perfeito (: