terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

REcriar


"O amor é fodido. Hei-de acreditar sempre nisto. Onde quer que haja amor, ele acabará, mais tarde ou mais cedo, por ser fodido (...) Porque é que fodemos o amor? Porque não resistimos. É do mal que nos faz. Parece estar mesmo a pedir. De resto, ninguém suporta viver num amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido. Tem de haver escombros. Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz. Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo(…)
A vida é simples e fácil de querer. Mas o amor é fodido. E gostei de fode-lo contigo."

Miguel Esteves Cardoso in “O amor é fodido”


 

Do amor pouco sei e quase tudo espero. 
Nas histórias de amor dá a entender que é fácil. Mas na prática ele é sempre o contrário... No fundo, o amor é uma contradição, quanto mais se ama e quanto maior é esse amor, mais sentimentos obscuros ele nos traz. O uso do amor tem que ser como a bebida: tem que se tomar a dose certa. No entanto, quando se ama alguém, não há medida fixa, o “muito” não é exagero e o “para sempre” não é irrealizável. O amor não tem doses fixas, regras práticas nem sequer manual de instruções… É por isso que temos medo do amor, é por isso que nos assusta esse sentimento e nos magoa por vezes. Apesar de todas as dificuldades que o fazem um sentimento difícil de lidar, elas dão-lhe alimento para se tornar mais forte.
Quando “fodemos” o amor, é como ter que o cultivar novamente sem pressas nem orgulho. O amor perfeito de que tanto ouvimos falar não existe e tão pouco subsiste. Um amor livre de adversidades não se fortalece, é medonho e esquivo nas horas de aperto e degrada-se ao longo do tempo. Um amor verdadeiro tem que ser “fodido” para valer a pena, tem que nos fazer lutar por ele e deseja-lo todos os dias.O amor exige um complexo de emoções que distraem, confundem, cansam, fazem sofrer e tornam-nos pirosos e lamechas. Esse mesmo amor que aparece sem avisar quando se menos espera.
Não há como defini-lo, deixemos o seu significado em aberto… Para que possamos ter presente a ideia de que ele pode ser muito contraditório. Mas “fodido” há-de ser sempre. É um sentimento que não foi feito para se compreender mas para se sentir. Senti-lo ao deixar que ele nos encontre, deixá-lo entrar na vida, na cabeça e no coração: deixá-lo acontecer…


ANA LUÍSA, 11ºA

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Atrevida!
É de tal modo indefinível, o amor, que bem se valem de todas as expressões, seja o calão do MEC seja a contradição camoniana do "Amor é fogo que arde sem se ver/
Contentamento descontente/...".

Deste o teu contributo, sem desvendar o "mistério" :)
Trouxeste-nos fórmulas conhecidas, mas deste-lhes a tua roupagem pessoal.
Obrigada pelo atrevimento ;-)