sábado, 12 de maio de 2012

“A mim o que me rodeia é o que me preocupa.” – Paraíso.


Paraíso: será que existes mesmo?


Um dia destes, tive uma discussão bastante agradável com um colega, na qual discutimos vários assuntos sobre a religião, a ciência e a filosofia. No meio da discussão falámos sobre o paraíso apresentado pela religião católica e chegámos a conclusões que me deixaram bastante preocupado (porque o que existe para além da morte, ou o que não existe, é uma matéria que preocupa muita gente, incluindo a mim) e daí desenvolvi o seguinte raciocínio (que não deixa de ser subjetivo e por isso sujeito a falhas):
Se deus é o exponencial máximo de perfeição no que toca a um ser, então o paraíso é o exponencial máximo de perfeição no que toca a um lugar.
Mas será que tal coisa existe? Será que é possível considerar sequer que existe algo perfeito seja isso um lugar, um ser, um momento…?
Penso que depende da maneira como empregamos a palavra: se considerarmos o conceito de que algo perfeito significa que não lhe falta nada (não é isto o conceito de completo?) então isso não é possível. Até porque mesmo não faltando nada (pois eu acredito que todos nós temos dentro de nós tudo para sermos perfeitos) isso não quer dizer que não existam outras coisas para além do que não poderia faltar – algo perfeito significa então, algo ao qual não falta nada e que não está sujeito a “extras” dispensáveis. Então, porquê esta crença que existe dentro de mim? Porquê esta noção tão óbvia e, no entanto, tão abstrata de perfeição? Sim, porque mesmo sabendo dizer que falta isto ou aquilo para algo ser perfeito, como posso eu saber tal coisa, se eu nunca vi esse objeto ao qual não faltaria nada?
Só vejo uma saída para este problema: a perfeição é algo que existe apenas na nossa mente. Uma projeção daquilo que nós (e por isto uma projeção subjetiva, fazendo do conceito de perfeição subjetivo) achamos que iria ser um momento completo, onde não faltaria nada, ou até mesmo perfeito. E será isto possível? Seria possível se nós fossemos donos de um poder sobrenatural: se o que comandasse todo o desenvolver do mundo fosse nada mais do que apenas a nossa vontade, ou seja, se tudo fosse como nós queríamos. Mas acontece que não é.
E é por isto… É por isto que o meu paraíso só existe na minha mente. Porque nele tu estás comigo e de facto importas-te comigo, gostas de mim. E nesse paraíso não existem outras variáveis, outros problemas. Existimos tu e eu. E só isso chega para tudo o resto existir, fluir.
Por isto é que o meu paraíso é algo que nunca pode ser verdade, porque é egoísta. É centrado em mim, pois eu sei muito bem que se tu pudesses fazer vingar o teu paraíso ele não se aproximaria nem um pouco do meu. E é também por isto que um paraíso ou mesmo um momento completo é quase impossível: Pois somos pessoas diferentes, que queremos coisas diferentes.
A única saída para um paraíso na Terra (sim, porque um paraíso não tem de ficar noutro planeta, noutra dimensão – só ficam quando não são possíveis) é quando todos os envolvidos quererem exatamente o mesmo. Caso contrário tem de se contentar com um exponencial não tão bom como o que poderiam ter.

"Os verdadeiros paraísos são os paraísos que se perderam." - Marcel Proust


Hugo Gonçalves, 11º A

Sem comentários: