quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Manifesto Anti-Morte por Raquel Alves




Basta pum basta! 

Que acabes tu, Morte, coisa horrenda e hedionda! 

És tão indesejada que não tens pai nem mãe, não tens tios nem avós, não tens irmãos nem primos, vieste para este mundo sozinha, apenas com o intuito de gerar tristeza e causar terror... Devido a essa tua imensa solidão, corrompes a vida a todos os outros, roubas os entes queridos que têm e deixas marcas tuas por toda a parte, e se ainda fossem marcas bonitas, até podiam ser toleradas, mas não! são marcas de escuridão, marcas de amargura, marcas indesejadas, tal como tu! 

És o diabo! não! És ainda pior que o diabo! Porque até o diabo, que é o diabo, tem o seu próprio lugar, o inferno, e por lá anda. Mas tu, não, tu andas por toda a parte, ó coisa terrível!

E o pior dessa tua tão indigna existência é que ninguém pode desejar a tua morte, ninguém pode dizer "Morra a Morte, morra! Pum" porque até para te matar precisamos da tua ajuda, precisamos do tão teu ignóbil poder, o de matar.

És asquerosa, Morte! 

És nojenta, nauseabunda, se te tivesse sido atribuído um corpo, seria, certamente, o mais feio, o mais horripilante e o mais repulsivo existente à face da Terra! À face da Terra não, à face de todo o universo! 

Se fosses feita por minhas mãos, serias branca e fria, rígida como pedra, ser-te-ia impossível dobrar os braços ou encolher as pernas, tal e qual como deixaste os corpos das pessoas que de mim levaste. Irias ter, com certeza, a vida mais desconfortável e miserável que já se viu, nem com mil cobertores te irias aquecer! E irias vestir-te mal, com as roupas mais horríveis que alguém já criou, as coisas mais feias que alguém já vestiu, serias alvo de troça por parte de todos, serias humilhada e enxovalhada, tal como mereces, como sempre mereceste! 

Mas claro está que nunca te iria criar, nem eu nem ninguém! Nem mesmo os ciganos seriam capazes de uma atrocidade como a de criar-te. 

Quem te terá criado? Claramente, foste tu que te criaste a ti própria, só algo tão sujo e de tão baixo nível como tu é que seria capaz de te criar!

És mais indesejada pelos humanos, do que o acne pelos adolescentes! 

És pior do que a guerra e do que a fome, até para essas há solução, mas para ti não! 

És e sempre serás a coisa mais demoníaca, infernal e maquiavélica que toda a humanidade já experienciou! 

És o terrível tornado realidade! És, por um lado, a última visita que toda a gente quer receber na sua própria casa, e por outro, a primeira, pois assim ninguém teria de carregar o fardo de te ver passar por outros e de te ver tornar este mundo tão feio, FEIO COMO TU!

Só tenho mais uma coisa a dizer-te, 

Acaba Morte, acaba! PUM!!!!

 

Raquel Alves, 12º D

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...



Lê "As Intermitências da Morte", do Saramago. Gostarás ;-)