quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Manifesto Anti-Tempo por Bruno Eiras





Basta! Pum! Basta!

 

Como é possível todos consentirmos a injustiça que é deixarmos que o Tempo nos controle?

Sociedade imbecil que vive arrastada por ele e não se digna a remar contra tamanha estupidez!

Abaixo a sociedade!

Morra o Tempo, morra! Pim!

 

Uma sociedade guiada pelo Tempo só traz contra-tempo.

Uma sociedade esmagada pelo passado é uma sociedade sem futuro.

O Tempo é cruel!

O Tempo acha-se a cura para tudo, quando nem doença existe!

O Tempo goza com a vossa cara, faz crescer as vossas orelhas e apodrece-vos, mas ele é o mais podre!

 

O Tempo não pensa!

O Tempo acha-se médico, psicólogo e terapeuta, mas no fundo é um trafulha que rouba identidades e características!

O Tempo diz-se poderoso porque nada o para, quando tudo o que faz é deixar passar! E roubar!

Se o Tempo é o presente, deixa que eu estou bem no passado!

 

O Tempo é um chato! Se há um ponto de consistência, ele não o deixa ser ponto final!

O Tempo é um triste envolto em solidão!

O Tempo é um cão que só corre para a frente à procura do objecto que nem sequer foi lançado!

Ó Tempo! Até podes dar jeito para selar matrimónios, fechar vitórias e conquistas, mas de que adianta se também fazes o adultério acontecer e as mais vergonhosas derrotas?

 

Morra o Tempo, morra! Pim!

 

O Tempo só não tropeça porque nem pernas tem!

O Tempo não é real!

E ainda há quem o apoie!

E quem ache que ele os cura!

E quem ache que o Tempo os torna melhores!

E depois há quem duvide que ele nos rouba e que nada de bom nos faz e que tudo de bom que aconteça nos é tirado depois, por ele!

 

Para Tempo! Morre!

 

Bruno Eira, 12º D

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...



Neste caso, só me ocorre o imortal Baudelaire!

"Embriaga-te

Devemos andar sempre bêbados. Tudo se resume nisto: é a única solução. Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar.

Mas com quê? Com vinho, com poesia ou com a virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te!

E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gemeu,a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares! Para não seres como os escravos martirizados do tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com a virtude, a teu gosto."