segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Da Imagem - A Perda de Identidade - por Catarina Vinhas









 Leitura da Imagem
 
  Nesta curiosa fotografia, podemos observar uma mulher imóvel, de aspeto contemplativo, num local não identificado, mas que eventualmente poderá ser uma galeria de arte. Esta encontra-se com o olhar fixo numa espécie de pintura, feita numa enorme parede branca, pintura esta que é uma impressão digital arrastada ao longo da parede. No início, esta é representada totalmente preenchida numa tonalidade forte, o preto, no entanto, à medida que é arrastada vai-se desvanecendo, até nada mais restar dela do que um simples contorno, uma sombra do que era inicialmente.
  Apesar de todos os elementos presentes na imagem , o nosso olhar converge unicamente para esta impressão digital, pois para além do simples e óbvio facto de esta se destacar na parede branca, é também ela que carrega uma mensagem, mensagem esta que é certamente uma crítica.  É suposto que a arte, de qualquer tipo que seja, nos faça sentir algo, função que esta desempenha na perfeição: ao observar esta obra, sinto que algo se vai perdendo, não só a cor, mas também alguma identidade, sendo que a impressão digital é o elemento chave da identificação humana.



Criação Textual:
                                             

                                                     A Perda de Identidade

A identidade pessoal vai muito para além do nome, idade ou nacionalidade. O ser identifica-se por conjunto de traços, não físicos, únicos em cada um de nós, traços esses que, em conjunto, formam a nossa personalidade, está é a nossa verdadeira impressão digital, aquilo que nos distingue dos demais.
No entanto, e infelizmente, durante a nossa vida  vamos progressivamente vendendo um pouco de nós à medida que  ajusta-mos a nossa personalidade ao que nos é requerido pela sociedade ou por alguém em particular. Estes pequenos ajustes podem parecer exíguos, mas, na realidade, não o são, sendo que, quando abdicamos de um pouco de nós, perdemos esses traços únicos que nos caracterizam e deixamos assim de ser o eu “ original “ que é tão importante conservar.  Passamos, então, a ser alguém a quem foi retirado tudo e com o qual deixamos de nos identificar. 
Há quem não passe pelo percurso da “despersonificação”, mas que deixa, igualmente, de se reconhecer. Muitos são aqueles que vivem toda a vida usando uma máscara e representando um papel que não os representa. Depois de um intérmino tempo vivendo na pele de alguém que na realidade não são, estes, como é evidente, deixarão de ser recordar de quem eram realmente e, por muito que um dia  queiram arrancar a máscara, esta já estará penetrada neles e será impossível de retirar , tal como diz Álvaro de Campos “Quando quis tirar a máscara / Estava pegada à cara”.
O ideal é permanecermos sempre fiéis a nós próprios, por muito que não sejamos aquilo que muitas vezes desejamos ser, pois é, sem dúvida, melhor sermos alguém com quem, apesar das falhas, nos identificamos, do que alguém que nos é um completo estranho e na pele do qual é absolutamente impossível viver.

Catarina Vinhas, 12º G
 

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