segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Da Imagem - Violência Doméstica - por Bruna Araújo






Leitura da Imagem:

Esta é uma imagem da APAV, como é visível no canto inferior direito da imagem. A APAV é a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima,  uma instituição particular sem fins lucrativos e de voluntariado que apoia, de forma individualizada, vítimas de crime.
Na imagem, é visível uma mulher com um hematoma no olho, símbolo da violência doméstica a que é sujeita. É de notar que esta mulher é-nos apresentada com um olhar triste, de quem sofre em segredo, de quem é vitimizada. Podemos ainda reparar num braço de homem que, sobreposto à boca da mulher, faz um gesto de “shhh”. Este gesto simboliza as atitudes maliciosas e as demonstrações de força e de autoridade por parte do homem que mantêm a mulher silenciada e, consequentemente, esta situação por denunciar.
Toda a imagem, à exceção da cara e do cabelo da mulher, é preenchida por cores escuras, símbolo do segredo escondido que é esta situação, que acontece longe da luz do dia. Em contraste, a cara e o cabelo da mulher são evidenciados com cores claras, metáfora da sua incapacidade de defesa.
Esta é uma imagem com função crítica, pois tem como objetivo desvendar e denunciar uma situação, alertar consciências e fazer a diferença. Neste caso, a situação a ser desvendada e denunciada é a violência doméstica.

Criação de texto a partir da imagem:


Violência Doméstica

Infelizmente e felizmente, a violência doméstica é um tema muito badalado na atualidade. Infelizmente, porque é triste que isto aconteça entre duas pessoas que, supostamente, se amam e mantêm uma relação, seja um namoro, seja uma união conjugal. E felizmente, porque, finalmente, estas situações começam a ser cada vez mais conhecidas e denunciadas, embora ainda exista muito “trabalho” a ser feito.

A maioria das pessoas, quando pensa em violência doméstica, é, instantaneamente, conduzida a imaginar a mulher como vítima. Na imagem que escolhi, é o caso, mas nem sempre é assim. Há já vários casos de homens vítimas de violência doméstica tornados públicos. São menos vulgares, é certo, mas talvez porque as vítimas do sexo masculino se sentem mais envergonhadas por serem vitimizadas pelo suposto “sexo fraco”, o que é uma estupidez.

Tanto numa situação como noutra, é desumano que esta crueldade continue a acontecer em pleno século XXI. Uma pessoa que já transmitiu a outra um grande sentimento de segurança, não devia ser a que mais lhe provoca o sentimento de medo. Não é lógico, nem justo, mas acontece.

Na minha cabeça, é muito simples. Como é que alguém que, alegadamente, ama outra pessoa, é capaz de adoptar uma posição autoritária, de poder, de superioridade, causando-lhe sentimentos de medo, de inferioridade e de possessão? Se se gosta da pessoa com quem se está, é contraditório tratá-la de forma tão cruel. Se não se gosta ou se as personalidades dos dois companheiros não são compatíveis e não concordam na maioria das coisas, porque não terminar a relação e cada um seguir com a sua vida? Seria uma atitude mais acertada do que partir para a violência, seja ela física, verbal, psicológica... É pena que não seja tão linear como isto.

Agora, focando a minha atenção nas vítimas, acredito que, algumas delas, de tanto vivenciarem esta situação, comecem a acreditar que são, efetivamente, inferiores. O agressor, além da agressão física, consegue muitas vezes, através de um jogo psicológico, levar estas vítimas a acreditar que merecem o que lhes está a acontecer, conduzindo-as a manter o silêncio e, consequentemente, conseguindo que esta situação fique por denunciar.

Estas situações, muitas das vezes estendem-se por anos. É necessário pará-las. Todos podemos ter um papel, ainda que indireto, no que toca à denúncia destes crimes. Felizmente, começam a surgir cada vez mais organizações como a APAV, que prestam apoio a estas vítimas, visto que é muito mais fácil que haja uma denúncia por parte das mesmas, quando elas sentem que têm alguém a apoiá-las, seja família, amigos, conhecidos, vizinhos, é importante que isto aconteça. Em sociedade, é possível reduzir este crime e expô-lo às entidades responsáveis por puni-lo. Todos podemos ajudar, embora a força principal tenha que partir da vítima.


Bruna Araújo, 12º C

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