quinta-feira, 5 de março de 2015

Da Imagem - DeLacroix - por Edgar Pereira





            Análise Imagem

            Na imagem acima podemos observar uma pintura de Leonid Afremov, um pintor israelense de origem bielorrussa, que utiliza uma técnica de pintura a óleo que usa espátulas ao invés de instrumentos tradicionais/convencionais, como pincéis, criando um estilo único que lembra milhares de mosaicos coloridos que, conjuntamente, formam a obra em questão.

            Nesta obra em questão, observamos um casal que caminha num recanto de uma qualquer floresta, maioritariamente azul da água que chove, iluminada por fortes candeeiros amarelos que, como sóis, aquecem a cor dos objetos que a sua luz vai tocando.

            Este quadro mostra o caos de cores e luzes da vida, e como cá de perto as coisas são observáveis e processáveis na mente do ser, mas como ao longe se esbatem num enevoado tom cinzento azulado, incerto nas suas formas e intenções ao olhar. A jornada pela qual vivemos é melhor passada junto a um companheiro de alma, sendo neste caso a pessoa que segura o guarda chuva, e o outro tem a confiança de que onde vai, vai sem se molhar.


Recriação Textual
           
DeLacroix

            Enquanto ser humano, há uma angústia que me torna a cabeça num peso de chumbo, um sono de morte. O Tempo.
            É um absurdo tomar consciência de si mesmo a nível temporal. Sentir o peso esmagador da nossa inexistência a esmagar a existência. Sinto tudo o que conheço e que irei conhecer, e tenho tanto medo da morte como tive de nascer. Mas porquê? Conheço o passado, e irei conhecer o futuro. Resta-me agir.
            Se nos aproximarmos demasiado da imagem, veremos apenas uns poucos quadrados de cor que têm um ar de abstrato e misterioso. “Mas que é isto?” certamente que seria a pergunta que muitos fariam. Acredito que tanto neste espaço como no tempo a mesma regra se aplica. O ser humano é extremamente egocêntrico e, ao olhar de perto para as coisas que conhece, apenas verá o que quer ver. No entanto, se olhar para o lado verá o presente, se para trás, o passado. E para a frente? Não o futuro, mas sim o desconhecido. O futuro fazemo-lo nós.
            É ao observar o universo, primeiro como um todo e, depois, detalhadamente, que o ser humano pode reunir as condições necessárias para responder a algumas das suas questões universais e dar eletricidade ao candeeiro que ilumina o caminho e nos permite dar um passo em frente.
            Naquelas duas figuras centrais, vejo uma representação da humanidade inteira. E, como tal, vejo-me a mim mesmo, singularmente, pois a Humanidade ainda não se viu unida totalmente.
            E quem é o outro ser? Será Deus que me abre o guarda-chuva? Ou uma alma gémea perdida neste mundo?
            Eu não sou muito dado a Deuses de há 2000 anos que me prometem a consciência eterna e o amor proporcional à minha liberdade, mas a ideia de ter uma consciência amiga, um ser a quem me possa unir num plano transcendente, apela-me bastante, seja ele um simples humano como eu, ou um ser fantástico e maravilhoso que habite nas profundezas do infinito. Sempre que me vejo espelhado durante demasiado tempo, vejo feições distorcidas e deixo de reconhecer a minha própria cara. Separo-me de mim mesmo, e vejo que estou vivo. Tenho a sorte de saber o nome do ser que me olha de volta, e pergunto-me se sou Deus.



Edgar Pereira, 12º G

           

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